PERSONAGENS

PERSONAGENS                                                                                                          Davi Fazzolari®
Há uma profusão de personagens nas páginas de Helena. Entram e saem de seu “caderno” de acordo com os acontecimentos diários. Dadas as características de um diário, não há apresentações detalhadas, objetivas, como é sempre mais fácil detectar em um romance ou em um conto. Nas palavras de Helena:
“Na família de meu pai não há muitos parentes. São só meus tios e tias, os filhos de meu pai e de tio Mortimer. Na família de mamãe há uma porção de parentes e uns primos dela que nós nem conhecemos.” (1895: 23 de maio)
Assim, fiquemos com as mais frequentes e com aquelas que apareceram mais de uma vez, ao menos.

A data ao lado das personagens indica um caminho para localizá-las na obra. Em alguns casos que valem o destaque para os estudos optamos por publicar um ou outro trecho diretamente por aqui.    

FAMÍLIA (NÚCLEO PRINCIPAL)

PAI: Alexandre  (minerador, trabalha em lavras de Boa Vista, na extração de ouro e diamante) 

MÃE: Carolina (Inhá) (trabalha com todas as tarefas domésticas, além da educação dos filhos) 

AVÓ: Dona Theodora (Bordões: “Forte coisa” e “Melhores dias hão de vir”. Helena é sua neta predileta)

IRMÃOS : Renato, Luisinha e Nhonhô (Joãozinho)

TIOS E TIAS:
Tia Madge (Irmã do pai de Helena - "Mora com tia Ifigênia e tia Cecília ("as tias inglesas"), que são boas modistas"1893: 31 de agosto  / "O caso de tia Madge comigo é o mais esquisito que eu já vi. Ela é minha madrinha de crisma e eu sei que ela é quase como vovó para me achar qualidades. Eu não posso lhe contar um caso que ela ri até mais não poder. Diz a todos que eu sou inteligente, espirituosa e boa. Tudo, que uma pessoa possa fazer por outra, tia Madge faz por mim. E eu posso dizer que quase todos os aborrecimentos que tenho tido na vida são causados por ela com essa mania de se interessar tanto por mim. Eu seria muito mais feliz se ela fosse como as outras tias, que nem olham o que eu faço. Mas ela, coitada, tudo que faz de bom é para me dar um aborrecimento e às vezes sofrimento." 1984: 13 de outubro)

Tio Geraldo (irmão mais velho da mãe de Helena.  "Ele não pode passar sem meu pai; mais eu queria ver, se meu pai adoecesse, se ele vinha lhe fazer companhia o dia inteiro como meu pai faz a ele. Mamãe fala isso todo dia mas meu pai não atende. Então mamãe diz: "E a cachaça de seu pai; deixa. É melhor do que se ele bebesse" 1893: 27 de setembro  /  Todos sabemos que tio Geraldo é a menina dos olhos de vovó. Ninguém pode dizer dele uma coisinha que seja, que vovó logo ralha. 1893: 28 de setembro) 

Tia Carlota (Tia Carlota é muito diferente. Ela é a mais feia e foi casada com um professor do Serro, um velho que podia ser pai dela, e até hoje costuma contar o gosto que o marido tinha de vê-la decotada com os braços de fora. Ela é gorda e gosta muito de comer, e diz que não se deita sem uma barra de chocolate em cima do tamborete, perto da cama, para comer se acorda durante a noite. Ela conta que todo dia antes de deitar-se, come um prato de carne-seca ou de porco frita, mexida com ovos, para não enfraquecer. Ela tem dentadura, e quando vem à sala milho cozido ou pequis ou outra coisa assim, ela tira a dentadura para comer 1895: 21 de fevereiro)
Tio Conrado e tia Aurélia (Quita) (Helena os considera muito metódicos, mas mantem certa admiração pela organização da casa e pelas farturas da cozinha.    O que anima a gente a passear no campo com tio Conrado e tia Aurélia é a quantidade de coisas boas que ela leva: bolos, pastéis, craquinéis, tudo do que ela faz para vender. Ela é muito boa doceira, igual a Siá Generosa. Se não fosse isso eu não iria. De que serve a gente passear com eles? Não se pode andar pelo rio abaixo, descalça. Não se pode subir nas árvores. Não se pode procurar gabirobas longe. Não se pode fazer nada. 1893: 22 de abril).

(Tia) Dindinha (Chiquinha) (Dindinha é a tia mais querida da família, não só das irmãs como dos sobrinhos todos, que a tratam de Dindinha. João Antônio que é sobrinho, mas foi criado por ela como filho, conta que ouviu o Dr. Mata Machado falar na beleza de Dindinha no palácio dele da Tijuca, no Rio de Janeiro, quando ele era Presidente da Câmara dos Deputados, com a mesa cheia de ministros e políticos. João Antônio diz que quase estourou de inchação, quando o Dr. Mata contou que ele era como filho dela e todos olharam para ele. Dindinha está viúva há mais de vinte anos e até hoje suspira de saudades do marido. Às vezes, quando se faz um silêncio no quarto, Dindinha, que vive sentada em frente da almofada de renda batendo os bilros solta um suspiro: "Ai, Clarindo!". E sempre uns suspiros tão profundos que fazem pena na gente 1895: 22 de setembro)



FAMÍLIA (CITADOS EVENTUALMENTE)
PRIMOS E TIOS

Tio Mortimer (irmão do pai de Helena /"(...)só tio Mortimer é que já fez fortuna"1893: 31 de agosto)
Beatriz e Leontino (filhos de Tio Conrado e tia Aurélia.   Os considerados inteligentes da família são os filhos de tio Conrado. Nenhum deles é mais inteligente do que nós não; mas o pai é metódico, a casa tem ordem e eles podem estudar. 1894: 21 de julho)
Julião e Henrique: 1893: 11 de março
Tio Henrique: 1893: 11 de março
Tio Joãozinho: 1893: 13 de março
Chininha: 1893: 2 de abril 
Tia Raimundinha 1893: 18 de agosto
Tio Antonio Lemos e Tia Florinda  1895: 3 de novembro
Tia Ritinha e a prima Batistina  1895: 19 de novembro
Onofre e Joãozinho (filhos do Tio Geraldo) 
"Tia" Raimundinha (uma prima da mãe de Helena)  1893: 18 de agosto
Tia Agostinha  1893: 9 de março
Tia Ifigênia 1893: 31 de agosto
Tia Cecília  1893: 31 de agosto


(EX-)ESCRAVOS

Júlia: 1893: 30 de maio

Emídio: 1893: 5 de janeiro e 12 de novembro
Mamãe chama Emídio, da Chácara, e põe na cabeça dele a bacia de roupa e um pão de sabão. Renato leva no carrinho as panelas e as coisas de comer, e vamos cedo. Mamãe e nós duas, eu e Luisinha, entramos debaixo da ponte para lavar a roupa. Emídio, o crioulo, vai procurar lenha. 
Emídio é um crioulo preguiçoso e esquisito. Ele mete o dedo no azeite da lamparina e lambe como se fosse melado. Outro dia ele estava com muita dor de dente, pegou num espeto e pôs no fogo até ficar vermelho, depois pôs no dente que eu vi o chiar da carne e fiquei horrorizada. Não se queixou mais de dor de dente depois disso.
Tito: 1894: 14 de janeiro
Florisbela (Bela) e Marciano: 1894: 16 de fevereiro
Benfica e Generosa 1894: 24 de março
Mainarte e Magna  1894: 24 de março
Machadinho e Henriqueta 1894: 24 de março
Reginalda 1894: 21 de julho
Osório  1894: 5 de julho
Joaquim Angola: 1894: 24 de março / 1895: 10 de novembro
“Hoje morreu o último negro africano de vovó. Serviu a ela até o fim com toda dedicação. Vovó lhe deixou, numa carta que escreveu, duzentos mil-réis. Para as negras deixou quinhentos”

Quintiliano: 1894: 24 de março
Nestor: 1894: 18 de agosto
“Nestor é um negrão muito entonado e faz muita jeriza na gente a liberdade que ele toma na Chácara.”

Mãe Tina (ama de leite de Helena) 1895: 6 de abril
“Este menino era filho de Mãe Tina, que foi escrava de mamãe e deu de mamar a nós todos. Ela e mamãe sempre tinham filhos ao mesmo tempo. Mamãe não tinha leite; ela tinha e dava aos dois.”

VIZINHOS

As Correias 1893:16 de março
               Eu acho que se fosse má seria mais feliz do que sou. Pelo menos não teria tanta pena de tudo como tenho, nem sofreria como sofro de ver os outros fazerem tanta maldade. Eu gostava muito das Correias, duas amigas de mamãe aqui da vizinhança, porque pensava que elas eram boas. Mas hoje mamãe me mandou levar umas broas para as duas e eu entrei na hora em que elas estavam fazendo uma maldade horrível. Arrependi-me de ter ido levar o presente e tomei raiva delas. Elas estavam enforcando um gato na maior satisfação. Uma segurava a corda numa ponta, outra noutra, e o gato dependurado. Larguei o prato em cima da mesa e corri para a casa. Elas vieram explicar a mamãe que foi porque o gato tinha furtado a carne. Mamãe lhes disse: "Helena é assim mesmo, tem pena de tudo".
As Cunhas 1893: 20 de abril 

Isabelinha (flores de pano) 1893: 11 de julho

Siá Ritinha (ódio e apego) 1893: 2 de novembro

O macaco Chico: 1984: 12 de abril

Esse macaco é mais inteligente do que muitos meninos que eu conheço. A dona dele é Siá Ritinha, que furta as galinhas dos vizinhos. [...] Ele não nos deixa em paz. Mamãe já disse que se não tivesse medo de Siá Ritinha desconfiar, ela lhe dava veneno. Se mamãe descuida um instante com a cozinha aberta, ele furta o que encontra. Já nos furtou queijo, toicinho, carne e até o coador de café. Há poucos dias ele trouxe também para o terreiro da nossa casa um pedaço de toicinho que furtou nalguma parte.

Mestra Joaquininha 1893: 9 de outubro

Lalá Rosa 1895: 8 de junho


COLEGAS

Elvira  
1895: 6 de maio 
Elvira, que sempre tem dinheiro, comprou rapadura, farinha de milho e queijo.

Jeninha 
1894: 4 de maio 
Na quarta-feira já esperei cedinho, com tudo preparado, que Jeninha viesse pedir a mamãe para levar-me, segundo o seu costume. Mamãe consentiu e fomos, reunindo-nos à família dela que estava no Cruzeiro do Rosário à nossa espera. Como sabe se divertir a família de Jeninha! É tão diferente da minha! Os meus passam a maior parte do tempo rezando.
Leontino
Cecília
Iaiá Leite
Mercedes
Clélia
Finoca
Maria Balaio
Jacinta do Pitanga




MÉDICOS

Dr. Teles
Dr. Felício dos Santos

PADRES 

Padre Florêncio
Padre Augusto (1893: 9 de abril / "Tenho visto muita coisa na vida, mas padre mexeriqueiro foi hoje a primeira vez.")
Padre Neves 
1894: 22 de novembro 
Voltei com as palavras de tia Madge na cabeça e satisfeita com os elogios de Padre Neves. É uma das boas coisas da vida a gente querer bem a uma pessoa e ser correspondida. Quando eu estava no Catecismo tinha tanta admiração por Padre Neves e tanta amizade, que o melhor dia para mim era o sábado, dia em que nos reuníamos em casa dele para os ensaios de canto. Esperávamos lá até que a irmã dele nos chamasse à casa do pai, que era pegada, e onde havia o piano.
PROFESSORES
Seu Sebastião (Português / “Nenhuma tem coragem de afrontar o professor de Português, porque vemos que ele se esforça o mais que pode em nosso benefício.” 1895: 17 de fevereiro)

Seu Arthur Queiroga (Geografia)

Seu Leivas (Francês e diretor da escola / "Seu Leivas que em todas as festas acaba sempre bicudo."1893: 24 de julho; "Seu Leivas deve a todo o mundo e não tem donde tirar." 1893: 4 de junho)

Dr. Teodomiro (História / “(...)esquisito em tudo” 1895: 27 de outubro)

Catãozinho (Geometria / “(...) outro professor meu amigo” 1895: 10 de dezembro)

Seu Emídio (Aritmética / "Briguei com Seu Emídio na aula de Aritmética e tomei o [apelido] de "Tempestade"." 1895: 12 de março)


CONHECIDOS
Dona Mariana e Major Antônio Felício: 1893: 17 de maio
Juca e Dona Mariquinha
Seu Zeca e Siá Margarida 1894: 24 de maio
Seu Ferreira e Siá Germana 1895: 12 de maio
Dr. Joaquim Felício (personalidade histórica)
Dona Elvira 1894: 13 de dezembro
Siá Antoninha (bordão: "Boca! Cala a boca, boca!")
1894: 10 de outubro 
Na casa da irmã de tio Conrado mora uma velha de capona, com um lenço preto amarrado no queixo, arada e bisbilhoteira como nunca vi. Ela só pensa em comer. 

FIGURAS DA CIDADE
Bambães (“Meu Belo”): 1893: 26 de fevereiro
Bambães é baixinho, gorducho, muito alegre e só trata a todo o mundo de "Meu Belo". Todos gostam dele. Mas ninguém lhe dá esmola, porque dizem que ele tira é para ele. Eu não creio.

Seu Broa: 1893: 13 de março / 1895: 29 de setembro

S. Domingos: 1893: 13 de março

S. Agostinho Machado e S. Lage:  1893: 23 de março

Siá Generosa (a quitandeira): 1893: 22 de abril 

Seu Chico Guedes (o rábula): 1893: 27 de abril

Fifina: 1893: 4 de junho
Vovó é a criatura melhor do mundo. Não sei se no caso dela eu agüentaria Fifina como ela agüenta. Mamãe conta que Fifina teve dinheiro, mas inventou casar com um rapaz mais moço do que ela dez anos e ele pôs fora tudo quanto ela tinha e sumiu, deixando-a só com um conto de réis. Ela pôs o dinheiro na mão de Senhor Bispo a juros e ia vivendo com trabalhinhos que fazia, cerzindo meias, remendando roupas na casa de uns e de outros, pois só pagava um quartinho e uma cozinha. Seu Leivas lhe prometeu pagar juros dobrados, e ela tomou o dinheiro de Senhor Bispo e pôs na mão dele. Mas até hoje não viu n um real dos juros nem tem esperança de ver mais o dinheiro, porque Seu Leivas deve a todo o mundo e não tem donde tirar. 
Seu Joaquim Santeiro (o artesão) 1893: 20 de dezembro

João de Assis (caixeiro)  1895: 2 de maio

Seu Guilherme (dentista) 1895: 21 de março

Amélia do Zé Lotério 1895: 3 de abril
“Não há em Diamantina quem não conheça Amélia do Zé Lotério. E quem não a conhecer que se dê por feliz.”
“Doidos” 1895: 8 de agosto
“As outras cidades terão tanto doido como Diamantina? Eu e Glorinha estivemos contando os doidos soltos, fora os que estão no Hospício. Que porção! Mas também uma cidade sem doidos deve ser muito sem graça. Eu pelo menos não queria deixar de ter aqui Durarque, Teresa Doida, Chichi Bombom, Maria do Zé Lotério, João Santeiro, Antônio Doido, Domingos do Acenzo. [...]”

Chico Lessa 1895: 8 de agosto

Davi Fazzolari®

Comentários

  1. Excelente! Obrigado! Estava identificando os personagens com anotações no livro, mas agora ficou mais facil.

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