MINHA VIDA DE MENINA (1893 – 1895)
Helena Morley (Alice Daurell Caldeira
Brant 1880-1970)
Obra publicada em 1942
A obra assinada por Helena Morley
(pseudônimo de Alice Daurell Caldeira
Brant) é um diário produzido entre 1893 e 1895, dos 13 aos 15 anos de idade da
autora, na cidade de Diamantina, em
Minas Gerais.
Os temas
As notas que estão registradas nos “cadernos”
de Helena revelaram-se de grande interesse não só para as letras nacionais, mas
para estudos de História, Geografia, Sociologia e até de Antropologia. Isso
devido ao fato de reunirem observações desenvolvidas, de modo muito nítido, ainda
que muitas vezes por um olhar ingênuo, sobre
o comportamento humano das diversas faixas etárias. São reflexões sobre a
religião e a política, sobre a educação familiar e escolar, sobre a desigualdade
social e econômica, sobre a cultura escravista e o racismo, entre tantas outras,
além de descrições de muitas festas populares — normalmente vinculadas à igreja
católica — dos “cardápios”, dos vícios (álcool, jogo, fumo, rapé), dos costumes
mais corriqueiros da vida, em uma sociedade que, ao mesmo tempo que enfrenta a
decadência da mineração, consolida o pensamento de um país.
Diamantina se mostra, assim, ainda que
pelas páginas de uma adolescente sem grande inclinação para as ciências, um
microcosmos significativo de estudos sobre a formação das mentalidades
nacionais. Documento histórico precioso para as Atualidades.
Os registros históricos
O final do século XIX é o cenário de significativas
transformações e consolidações da sociedade brasileira. O diário de Helena
Morley registra, ainda que de passagem (mas muito de perto!), acontecimentos
que, em maior ou menor medida, vão se inserir na cultura nacional, definitivamente,
no século XX.
Helena testemunha, entre outros
acontecimentos: a transição da Monarquia para a República, as
eleições de 1894, o início do sistema de produção sem escravos, os debates e conflitos
entre custodistas e florianistas (com menção direta à Revolta da Armada), o
anúncio da estrada de ferro entre Diamantina e Ouro Preto, a inauguração do
telégrafo, a presença da maçonaria no Brasil, o estabelecimento do “jogo do bicho”
e até a chegada do sorvete em sua região.
A linguagem
As variações linguísticas, os ditos
populares, o uso da metalinguagem, as rezas, as quadras populares, os bordões,
os apelidos e o vocabulário, por vezes bastante peculiar, enriquecem os
registros da adolescente Helena, muito cuidadosa em suas notas. Ainda que
predomine a norma culta, os índices de oralidade estão presentes. Há,
inclusive, revelações bem humoradas sobre o uso “irregular” da língua
portuguesa entre pessoas de diversos segmentos, o que a inclui, em mais de uma
passagem.
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osolharesdehelena.blogspot.com.br
estudo da obra de Helena Morley para o Intensivo Fuvest
Davi
Fazzolari®
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